segunda-feira, 29 de julho de 2013

Futuros amantes

    Antes de partir, pegou seu compacto aparelho que continha todos os rascunhos de seu amor antigo. Não que precisasse daquilo, mas André sempre foi apegado a coisas do passado; talvez sua profissão de antropólogo tivesse grande contribuição nisso, ou a profissão foi escolhida por essa forte característica? A verdade é que se sentiria melhor perto de algo conhecido em meio a tanto mistério que sua próxima missão reservaria, além de não acreditar totalmente que essa história havia acabado.
    O ano de 3013 chegou com a oportunidade de que ele precisava para encher o bolso e o coração: o novo trabalho consistia na pesquisa de uma cidade do milênio passado, que foi completamente submersa por um terrível tsunami: Rio de Janeiro. Para isso, precisava se deslocar para o litoral e liderar as buscas marítimas por vestígios de uma estranha civilização.
    Passados alguns meses do início de tamanho desafio, já cansado de infindáveis buscas fora e dentro de si, finalmente foi encontrada uma espécie de cofre, porém muito mais frágil e sem toda a tecnologia daqueles dias atuais. Depois de abri-lo sem rodeios e sem dificuldade, descobriu inúmeros pedaços de papel, com escritos típicos de email, mas no papel; havia também algumas fotos que revelavam a felicidade de um amor bem vivido. – “Essas coisas só acontecem no passado” – foi inevitável para André não ter esse pensamento...
    Por incrível que pareça, o material encontrado estava intacto, então movido pela curiosidade e por mero profissionalismo, sem dúvida, André se embarcou a decifrar aquele eco de antigas palavras: “Não se afobe, não, meu amor, que nada é pra já. Amores serão sempre amáveis. Futuros amantes, quiçá, se amarão sem saber com o amor que um dia deixei pra você...”
    Embalado pela melodia desses fragmentos manuscritos, ele pegou seu celular e enviou uma singela mensagem ao seu passado e futuro amor com os seguintes dizeres: “Eu sei.”.

    E ele realmente sabia...

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