Antes de partir, pegou seu compacto aparelho que continha
todos os rascunhos de seu amor antigo. Não que precisasse daquilo, mas André
sempre foi apegado a coisas do passado; talvez sua profissão de antropólogo
tivesse grande contribuição nisso, ou a profissão foi escolhida por essa forte
característica? A verdade é que se sentiria melhor perto de algo conhecido em
meio a tanto mistério que sua próxima missão reservaria, além de não acreditar
totalmente que essa história havia acabado.
O ano de 3013 chegou com a oportunidade de que ele precisava
para encher o bolso e o coração: o novo trabalho consistia na pesquisa de uma
cidade do milênio passado, que foi completamente submersa por um terrível
tsunami: Rio de Janeiro. Para isso, precisava se deslocar para o litoral e
liderar as buscas marítimas por vestígios de uma estranha civilização.
Passados alguns meses do início de tamanho desafio, já
cansado de infindáveis buscas fora e dentro de si, finalmente foi encontrada
uma espécie de cofre, porém muito mais frágil e sem toda a tecnologia daqueles
dias atuais. Depois de abri-lo sem rodeios e sem dificuldade, descobriu
inúmeros pedaços de papel, com escritos típicos de email, mas no papel; havia
também algumas fotos que revelavam a felicidade de um amor bem vivido. – “Essas
coisas só acontecem no passado” – foi inevitável para André não ter esse
pensamento...
Por incrível que pareça, o material encontrado estava
intacto, então movido pela curiosidade e por mero profissionalismo, sem dúvida,
André se embarcou a decifrar aquele eco de antigas palavras: “Não se afobe,
não, meu amor, que nada é pra já. Amores serão sempre amáveis. Futuros amantes,
quiçá, se amarão sem saber com o amor que um dia deixei pra você...”
Embalado pela melodia desses fragmentos manuscritos, ele
pegou seu celular e enviou uma singela mensagem ao seu passado e futuro amor
com os seguintes dizeres: “Eu sei.”.
E ele realmente sabia...
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