domingo, 18 de novembro de 2012

Vida e obra


O Que Será?

Por Thiago Delfino

Chico Buarque de Hollanda 
Da Itália e brasiliense 
Chico dos shows 
Tem dias que a gente se sente... 
Tem dias que Chico se sente cantor 
E canta um conto e aumenta não um ponto, mas um cento! 
Tem dias que se sente dramaturgo
E Chico choca! 
Dias em que se sente escritor 
E poetiza! 
Dias em que se sente compositor 
E poetiza! 
Dias em que se sente poeta 
E poetiza! 
Poetiza não como a mulher é 
Poetiza como a mulher é! 
Poetiza o eu-lírico feminino! 
Talvez por isso Marieta o quisesse 
Talvez não se quisessem mais...

Chico fala com as mulheres 
Para as mulheres 
Sobre as mulheres 
Como mulher!
Mulheres... milhares! 
Estariam de chico as mulheres de Chico? 
Chiques ou chucras? 
Coitadas... coitadas... 
Mereceriam cachecóis ou chicotadas? 
Coitadas ou descuidadas? 
Coitadas ou mulheres de noitada? 
Marginalizadas... 
Coitadas de Joana e de Geni!

Nasceu talvez predestinado 
Ouvia João Gilberto e Elvis Presley 
Em casa de artistas morou 
Onde Vinícius de Moraes 
Assistiu-o brincando de artista com as irmãs 
Mas o que Vinícius não viu 
Foi a irresponsabilidade adolescente 
Chico pela primeira vez nas manchetes: 
“Pivetes roubam carro para passear”
Roda mundo, roda gigante, roda moinho, roda pião 
E lá estava Chico outra vez nas manchetes 
Agora da TV Record
Já não era o pivete, era o herói
Herói da Banda, que brinda o empate 
E que, vejam só, era protesto disfarçado. 
Dizem que Chico não aceitou o primeiro lugar, Disparada... 
No ano seguinte a vitória foi compartilhada com Tom 
Tom de Brasil que tem o sabiá! 
Tom de desaprovação do público: 
Pra não dizer que não falei das flores... 
Falei de Dona Flor... 
O que seria dela sem Chico? O que será que seria? 
Falei também dos espinhos 
Exilado por livre e espontânea 
(seria mesmo?) vontade 
Tornou-se símbolo da luta contra a ditadura 
Chico dribla a censura 
Que com surra invadiu Roda Viva! 
Chico roda, gira e dá a vida 
Uma nova quase vida que tinha carteira de identidade 
E era idêntico a Chico 
Talvez porque fossem o mesmo! 
Música, este é Julinho da Adelaide... prazer, meu caro amigo! 
Julinho, esta é simplesmente... o que será que será!?

Sucesso reconhecido depois dos festivais 
Fez samba, bossa nova e MPB 
Só não terminou Arquitetura e Urbanismo 
De Construção, bastava a canção! 
Também não fez amizade com Chacrinha 
Que fez piada na hora errada com Pedro Pedreiro! 
Foi boicotado na TV
Porém fez programa com Caetano 
E parcerias com Toquinho, Edu Lobo e Milton 
Foi até tema de escola de samba... e ganhou o título! 
Defensor dos fracos e oprimidos 
Retratava os marginalizados 
Foi assim em Gota d’Água 
E Ópera do Malandro 
Calabar, além de morto, torturado 
Cala a boca, Bárbara!

Artista da música e da palavra 
Talvez age como um alquimista verbal 
Age talvez como poeta parnasiano 
Ou poetiza!

Que busca a sonoridade perfeita 
Trocando trocadilhos 
Mas não é apenas arte pela arte que busca 
Há algo mais 
Age dessa vez como ninguém age 
Talvez seja o único 
Chico é xeque-mate
O que será?

Fugindo um pouco da proposta do blog de postar contos, tive que colocar esse belíssimo poema do Thiago sobre a vida e obra do querido Chico. Uma ótima forma de conhecer um pouquinho de sua história de uma forma diferente. Já que a ideia é transformar poemas em contos, hora de uma biografia poetizada... 

Obrigada por compartilhar, Thiago!

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