O Que Será?
Por Thiago Delfino
Chico Buarque de Hollanda
Da Itália e brasiliense
Chico dos shows
Tem dias que a gente se sente...
Tem dias que Chico se sente cantor
E canta um conto e aumenta não um ponto, mas um cento!
Tem dias que se sente dramaturgo
E Chico choca!
Dias em que se sente escritor
E poetiza!
Dias em que se sente compositor
E poetiza!
Dias em que se sente poeta
E poetiza!
Poetiza não como a mulher é
Poetiza como a mulher é!
Poetiza o eu-lírico feminino!
Talvez por isso Marieta o quisesse
Talvez não se quisessem mais...
Chico fala com as mulheres
Para as mulheres
Sobre as mulheres
Como mulher!
Mulheres... milhares!
Estariam de chico as mulheres de Chico?
Chiques ou chucras?
Coitadas... coitadas...
Mereceriam cachecóis ou chicotadas?
Coitadas ou descuidadas?
Coitadas ou mulheres de noitada?
Marginalizadas...
Coitadas de Joana e de Geni!
Nasceu talvez predestinado
Ouvia João Gilberto e Elvis Presley
Em casa de artistas morou
Onde Vinícius de Moraes
Assistiu-o brincando de artista com as irmãs
Mas o que Vinícius não viu
Foi a irresponsabilidade adolescente
Chico pela primeira vez nas manchetes:
“Pivetes roubam carro para passear”
Roda mundo, roda gigante, roda moinho, roda pião
E lá estava Chico outra vez nas manchetes
Agora da TV Record
Já não era o pivete, era o herói
Herói da Banda, que brinda o empate
E que, vejam só, era protesto disfarçado.
Dizem que Chico não aceitou o primeiro lugar, Disparada...
No ano seguinte a vitória foi compartilhada com Tom
Tom de Brasil que tem o sabiá!
Tom de desaprovação do público:
Pra não dizer que não falei das flores...
Falei de Dona Flor...
O que seria dela sem Chico? O que será que seria?
Falei também dos espinhos
Exilado por livre e espontânea
(seria mesmo?) vontade
Tornou-se símbolo da luta contra a ditadura
Chico dribla a censura
Que com surra invadiu Roda Viva!
Chico roda, gira e dá a vida
Uma nova quase vida que tinha carteira de identidade
E era idêntico a Chico
Talvez porque fossem o mesmo!
Música, este é Julinho da Adelaide... prazer, meu caro amigo!
Julinho, esta é simplesmente... o que será que será!?
Sucesso reconhecido depois dos festivais
Fez samba, bossa nova e MPB
Só não terminou Arquitetura e Urbanismo
De Construção, bastava a canção!
Também não fez amizade com Chacrinha
Que fez piada na hora errada com Pedro Pedreiro!
Foi boicotado na TV
Porém fez programa com Caetano
E parcerias com Toquinho, Edu Lobo e Milton
Foi até tema de escola de samba... e ganhou o título!
Defensor dos fracos e oprimidos
Retratava os marginalizados
Foi assim em Gota d’Água
E Ópera do Malandro
Calabar, além de morto, torturado
Cala a boca, Bárbara!
Artista da música e da palavra
Talvez age como um alquimista verbal
Age talvez como poeta parnasiano
Ou poetiza!
Que busca a sonoridade perfeita
Trocando trocadilhos
Mas não é apenas arte pela arte que busca
Há algo mais
Age dessa vez como ninguém age
Talvez seja o único
Chico é xeque-mate
O que será?
Fugindo um pouco da proposta do blog de postar contos, tive que colocar esse belíssimo poema do Thiago sobre a vida e obra do querido Chico. Uma ótima forma de conhecer um pouquinho de sua história de uma forma diferente. Já que a ideia é transformar poemas em contos, hora de uma biografia poetizada...
Obrigada por compartilhar, Thiago!
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