quinta-feira, 28 de março de 2013

Tanta saudade

Por Luísa Gontijo
    
      
     "O tempo do piscar dos olhos de quando estou com voce já é o suficiente pra me fazer sentir saudades. Incontáveis vestígios de saudade se juntavam enquanto eu piscava. O que me conforta, é que mesmo longe sinto que está aqui. Na verdade...está aqui dentro..."
     ... dos meus pensamentos, dentro de tudo que havia nela, dos sonhos, não! A verdade é que ele era seu sonho, um sonho que ainda não sonhara, como se a espera lapidasse, aperfeiçoasse o que se espera... nem sabia mais como dizer, mas a saudade aumentava a cada instante de uma forma inimaginável, e com isso o amor... Difícil de se entender que uma coisa infinita aumenta, mas o amor é assim mesmo nõo é pra se entender, se fosse compreensível que graça teria? Seria mais uma das tantas coisas racionais, é por isso que o amor se deixa surpreender, porque não se pode entender, é como o universo, parece infinito, mas está em constante crescimento, assim também é o amor.
     Incontáveis piscadas de saudade agora se acumulavam nos olhos da menina, sendo assim ela tentou arrumar um jeito de não mais piscar, mas seus olhos ardiam, ela ficou até doente, mas para ela isso ainda era a melhor solução. Mas ele arruma uma solução melhor: "Não se preocupe, fecha os olhos que permanecerei retido nos seus pensamentos. Basta pensar."
     A menina então tenta, como sendo a melhor solução e diz: " Fecharei...e os pensamentos estarão em você! E em tudo que nos espera. Basta esperar." -  Ele então a surpreende: "Basta esperar nas mãos Dele. Eu creio que Ele preparou um mundo só pra nós dois." - Enquanto isso ela vive a sonhar, a incessante hora em que a espera há de acabar... 
    Creio que chegará. E então o amor daquele que tem o maior amor de todos, continuará a suprir todas as necessidades deles. E que amem um ao outro para sempre... Contracondicionamente.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Ciranda da bailarina

Por Bia Carrozza e João Eugênio

     
     Teatro lotado! Todos estavam ali - todos mesmo (e suas inconveniências, seus medos, suas imperfeições... é claro!). Era como se a bailarina olhasse para a plateia e visse cada um deles arrumado especialmente para assistir seu grande espetáculo- aquele, é... aquele mesmo feito para revelar exatamente quem ela era.
     Tamanha perfeição a posicionava num patamar acima de qualquer distinto cidadão que estalava seus atentos olhos esperando o momento certo para aplaudir. Pense em algum possível "defeito"... acredite, ela não tinha! E todos estavam presentes para ouvir isso enquanto acompanhavam os belos movimentos da exímia bailarina.
     Atordoada com tantas imperfeições ali presente, a artista não conseguiu prosseguir. Estaticamente olhava para a plateia e sabia de cada detalhe que faziam todos ali um lixo diante dela, mesmo nada estando visível, mas era como se tivesse uma visão raio x para defeitos. Foi então que começou a gritar: 
     - PEREBA, LOMBRIGA, AMEBA, COCEIRA, FRIEIRA, PIOLHO, REMELA... POR QUE ESTÃO ME OLHANDO, HEIN? MEDO DE SUBIR? MEDO DE CAIR? AH... JÁ SEI! MEDO DE VIVER!!!
     A música clássica aumentava a cada grito, para desespero de todos - inclusive da menina, que corria, e pulava, e girava, com movimentos cordialmente calculados e atordoados. Ela estava confusa, não sabia onde se encontrava, não sabia para onde olhava... Foi então que deitou sua cabeça no chão do palco e a cobriu com seus braços, querendo proteger um pouco mais seus pensamentos de tanto desnorteio. 
     Bastaram apenas 17 segundos para que a menina se aprumasse. Diante dos seus olhos, o esplendoroso espelho magenta perolado acoplado à cômoda (exatamente onde estava a caixinha de música com a impecável bailarina, presente de 16 anos de seu padrinho) e ao seu lado esquerdo, a cama continuava intacta com um vistoso lençol fucsia estendido até o macio e confortável travesseiro de espuma de látex (do mesmo jeito que sua mãe deixara no início da manhã enquanto a adolescente, no penúltimo ano do colégio e se preparando para o tão temido vestibular, elaborava a polêmica redação em que narrava o que, talvez, fosse seu maior sonho: a perfeição).
     Sonho? Quem não tem? Boa noite!