domingo, 12 de maio de 2013

Você, você


    O bebê repousava sobre o berço enquanto a mãe se arrumava para mais um encontro. Não que ela fosse o tipo de mulher descuidada, especialmente em relação ao seu filho, mas já fazia algum tempo desde que o homem que amava (também pai da criança) a deixara. Precisava viver um novo romance.

    O batom vermelho, os cabelos negros levemente presos, a maquiagem reforçando seus olhos azuis, anéis, pulseiras... O pequeno menino a observava com olhos arregalados e inocentes, escondendo toda a dúvida por trás deles: “Pra onde ela vai?”; “Que horas volta?”; “Por que ela se arruma assim?” “Pra quem ela se arruma assim?” ...

    Nas noites dos finais de semana era sempre assim. E o bebê não dormia enquanto não sentia o cheiro daquele perfume que agora marcava a presença da sua tão amada mãe, seguida de um beijo delicado na sua testa e do som doce de sua voz, cantando aquela música só dele, e isso ele sabia que seria sempre e somente dele.

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